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  • Foto do escritorFernando Gamito

O novo príncipe do Mónaco


Bernardo Silva, que no início desta época foi emprestado ao Mónaco pelo Benfica e posteriormente adquirido a título definitivo pelos monegascos, a troco de 15,75M€, tem estado em pleno destaque na equipa de Leonardo Jardim, aumentando a cada dia que passa a sua relevância e estatuto, somando minutos e adquirindo inclusive, na maioria das partidas, um lugar no onze predileto do treinador português.


Muitos duvidavam de que conseguisse singrar ao mais alto nível na Europa em tão tenra idade e sem qualquer tipo de experiência em ligas principais, porém Bernardo tem demonstrado precisamente o contrário. Os elogios ecoam na imprensa francesa e internacional e os milhões gastos pelo clube no “novo príncipe do Mónaco” estão a revelar-se bem produtivos para as hostes do principado.


O jovem português, de 20 anos, não começou a temporada como indiscutível nas escolhas de Jardim, com os franceses a verem-no como uma aposta para o futuro e não tanto para o presente. Porém, as suas excelentes exibições, pautadas por momentos de brilhantismo e irreverência, provaram o potencial que lhe era atribuído e fizeram-no conquistar o seu espaço no emblema monegasco, mesmo que não seja na sua posição natural.


Isto porque o estilo de jogo de Bernardo Silva é, claramente, o de um “10” puro – com uma tremenda visão de jogo, criação de oportunidades ofensivas, excelente qualidade de passe e uma capacidade técnica que a muitos deixa inveja -, posição que raramente se perfila no futebol dos tempos modernos, o que faz o treinador madeirense apostar em variadas ocasiões no luso a jogar pelo corredor direito, trabalhando como extremo/médio-interior. Este tipo de função leva o esquerdino, que não prima por uma constante ida à linha de fundo para cruzar, a pisar zonas mais interiores do terreno, nas suas características acelerações com bola, a que alia uma finalização, de certo modo, produtiva para um médio, contando, de momento, seis golos na Ligue 1.


Certamente, também tem ainda que melhorar determinados aspetos do seu jogo, primordialmente no foco defensivo, no qual revela, talvez fruto da inexperiência, algumas falhas evidentes, que necessita de trabalhar de modo a que possa tornar-se num jogador completo e consiga acompanhar os demais craques do futuro no panorama futebolístico. Para se tornar num jogador de topo mundial, Bernardo tem que conseguir juntar o equilíbrio defensivo à sua capacidade de criação de jogo e de desequilíbrio ofensivo.


Recentemente, frente à Juventus, na segunda mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões, atingiu mais um feito na sua ainda curta carreira, no culminar de uma época que está a revelar-se absolutamente fantástica e surpreendente. Somou o primeiro jogo como titular na liga milionária e coroou-o como uma exibição bem positiva, apesar do empate no jogo (0-0) e da consequente eliminação dos monegascos face ao resultado negativo (0-1) adquirido na primeira mão da eliminatória, em Itália.


A próxima meta para o ex-Benfica passa pela seleção portuguesa, na qual já fez notar a sua presença em tempos recentes, num compromisso amigável com Cabo Verde, tendo sido um dos poucos jogadores lusos a evidenciar sinais positivos no encontro e o que

esteve mais em destaque. Todavia, acredito que, com o atual sistema implementado por Fernando Santos na equipa das quinas, Bernardo pode ser incluído na disputa por um lugar no onze inicial, atuando numa posição de médio interior, algo similar ao que Fábio Coentrão fez no jogo contra a Sérvia, baixando, assim, o jogador do Real Madrid para o lugar onde atualmente rende mais, o de lateral-esquerdo. O médio do Mónaco assume-se como um dos pretendentes a este lugar, primordialmente pelo rendimento que tem vindo a demonstrar ao longo da presente temporada e à lacuna de atletas em boa forma e rendimento na nossa seleção.


Muito se criticou Jorge Jesus e Luís Filipe Vieira por deixarem fugir do emblema “encarnado” esta jovem promessa do futebol português, mas já não é tempo para isso. Agora, há que desfrutar do seu talento nato com bola e vê-lo em ação ao mais alto nível. Com 20 anos, Bernardo Silva promete não parar por aqui e, se trabalhar bem o potencial que ainda tem por explorar, será um dos craques do futuro, não só de Portugal, como também em termos internacionais. Quem sabe, se continuar a exibir-se a este nível, daqui a pouco tempo até o poderemos ver a dar outro passo na sua carreira, rumo a um emblema com maiores aspirações que o Mónaco.


*Texto originalmente publicado em Bola na Rede a 26 de abril de 2015.

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