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  • Foto do escritorFernando Gamito

Red Star, a mais perfeita antítese do vizinho Paris Saint-Germain



Em Paris, vive um PSG com orçamento de €500 milhões. Nos subúrbios da cidade, mora um Red Star com raízes mais humildes.


Aos milhões de uns contrasta a humildade de outros. São poucos os quilómetros que separam o Paris Saint-Germain e o Red Star, duas equipas sediadas na capital francesa (seja mesmo na cidade ou simplesmente nos subúrbios de Saint-Ouen), mas são muitos os valores que distinguem os dois clubes. Para ver um “futebol autêntico”, para assistir a um “ambiente” que arrepia, ou apenas porque “o dinheiro não é tudo”, o Red Star, com um legado de mais de 100 anos (fundado em 1897) tem uma gama de adeptos que colocam o emblema num pedestal bem mais romântico que o PSG.


A “integração e a diversidade” são apontados como pilares fundamentais pelos quais se rege o Red Star, nas palavras de Patrice Haddad, presidente do clube, citado pela agência EFE. Um líder que atribui primazia primeiramente à “emancipação pela cultura do que pela política” e que opta por não dar especial atenção aos milhões de euros gastos pelo Paris Saint-Germain, nem à mediática contratação de Neymar no verão passado, por 222 milhões. “Ajudou a dar visibilidade ao futebol francês, mas há espaço para outro tipo de futebol”, reitera. Esse mesmo outro estilo de desporto rei é vaticinado pelos três mil adeptos que todos os jogos se deslocam ao Estádio Bauer, casa do Red Star, atual terceiro classificado do terceiro escalão francês.


Sob a voz de comando dos “Allez Red Star”, a claque do Red Star, é a estrela vermelha por entre as linhas verdes e brancas que mais se destaca no símbolo do clube gaulês. E por falar em estrela vermelha, passamos agora pela história ligada ao comunismo desta equipa. Tudo começou logo quando foi fundada por Jules Rimet - terceiro presidente da FIFA e o “pai do Campeonato do Mundo”, pois foi enquanto era líder do organismo que teve lugar o primeiro Mundial, em 1930. Nos princípios redigidos aquando da fundação do clube estavam fomentar a prática do futebol entre todas as classes sociais, remando contra a maré que colocava o desporto rei primordialmente entre a elite da população no final do século XIX. Tal é a ligação do Red Star ao comunismo que nos anos 90 a primazia das contratações era dada a jogadores soviéticos, como Bubnov, Tcherenkov ou Rodionov.


O palmarés do Red Star (cinco Taças de França - 1921, 1922, 1923, 1928 e 1942; 16 épocas no principal escalão francês) não fazem jus às páginas que este clube reserva na história do futebol. E os adeptos sabem-no. “Nós temos uma história de 120 anos”, refere Jean-Philippe Dumas, um adepto do clube, citado pela agência EFE. “Aqui vê-se o futebol de verdade, como viam os nossos pais. Para além disso, é mais barato do que ir ver o PSG”, é outra das frases que ecoa pelos subúrbios de Paris. De facto, o caráter humilde do Red Star é um dos aspetos que mais chama a atenção. Desde 1909 que a equipa mantém as mesmas instalações desportivas, ainda que com renovações pelo meio, e são em muito inferiores às que outros clubes dos dias que correm apresentam.


📷Crédito: Yann Levy

Poucos dias antes de ter lugar um Paris Saint-Germain - Real Madrid, um dos duelos que envolverá mais dinheiro gasto na história do futebol, do outro lado da capital francesa vai continuar a estar o Red Star, no seu palco Bauer, com a mesma modéstia de sempre e um orçamento anual de 4,5 milhões de euros, em muito distante dos 500 milhões do PSG. Uma história do futebol mais romântico com a qual raramente nos deparamos nos dias que correm. O objetivo futuro passa pelo regresso à elite francesa, com o dérbi parisiense na mira. “Um dérbi de valores”, nas palavras do presidente Patrice Haddad.


De treinador a jogadores, há toque português no Red Star

É conhecida a vasta ligação que a população portuguesa tem com França e, mais propriamente com a cidade de Paris, sendo muitos os emigrantes que temos por lá. Pois bem, alguns deles estão ou já estiveram ligados ao futebol e o Red Star não foge à regra. Entre um treinador e quatro jogadores, o clube parisiense já contou com a presença de cinco portugueses. A começar pelo comando técnico, Rui Almeida foi o timoneiro do Red Star na temporada 2015/16 e na primeira metade da época 2016/17, antes de rumar ao Bastia. Com o Red Star, o técnico português de 48 anos realizou 62 partidas, com 23 triunfos, 19 empates e 20 derrotas.


No que diz respeito àqueles que calçam as chuteiras e atuam dentro das quatro linhas, Matias Ferreira (defesa de 21 anos) representa atualmente o Red Star. O jovem já esteve nos juniores do FC Paços de Ferreira, em 2015/16. Também já representaram o Red Star Vítor Bastos (defesa de 27 anos, atualmente no Canelas 2010; jogou no Red Star em 2015/16), Rui Sampaio (médio de 30 anos, atualmente no Cova da Piedade; jogou no Red Star em 2015/16) e Walter Ferreira (já falecido, jogou no Red Star entre 1970 e 1971).


*Texto originalmente publicado em Bancada.pt a 5 de março de 2018.

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