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Um motivador de excelência que idolatra o "futebol provocador"

  • Foto do escritor: Fernando Gamito
    Fernando Gamito
  • 15 de nov. de 2018
  • 5 min de leitura


Depois de uma metade de época de sonho que culminou com a ascensão do Fortuna Sittard ao principal escalão do futebol holandês, Cláudio Braga prepara-se para tomar o leme do Marítimo na sucessão a Daniel Ramos e será através da motivação que terá bases para ter sucesso em solo madeirense. A equipa insular pretende o regresso às competições europeias na próxima temporada e escolheu para novo timoneiro um nome que pode ser um pouco desconhecido para os portugueses, tendo em conta que por terras lusas apenas foi técnico principal do Santa Clara, na época 2014/15. A Holanda tem sido o principal porto-abrigo para Cláudio Braga e por lá encontrou uma comunidade que dele não se esquece.


A grande questão que se coloca, neste momento, para todos os adeptos do futebol português é a seguinte: que tipo de treinador é Cláudio Braga? Por isso mesmo, o Bancada esteve à conversa com parte da comunidade de portugueses que conviveu com o técnico na época passada, ou seja, os ‘tugas’ do Fortuna Sittard que foram orientados pelo treinador desde fevereiro. “Ele ganha por ser uma mistura. Consegue ser divertido e relaxado, e ao mesmo tempo focado no treino e ajudar a desenvolver o jogador. Ainda tem uma componente que é bastante amigo dos jogadores, sempre a dar os seus conselhos. Temos uma relação super relaxada, sempre com tranquilidade. A maneira como ele lida com os jogadores é fantástica”, revelou o guarda-redes Miguel Santos em declarações ao Bancada.


Lisandro Semedo, o goleador do Fortuna Sittard, não corrobora a cem por cento as palavras do colega de equipa. Na ótica do avançado de 22 anos, Cláudio Braga distingui-se mais por aquilo que é em termos de relação com o plantel. “O mister Cláudio tem um estilo de treinador mais motivador, que cultiva com os jogadores uma relação forte claramente. Tenta sempre ajudar, dar dicas e motivar os jogadores, sem dúvida”, considerou Lisandro ao Bancada.


Sittard, cidade holandesa com cerca de 50 mil habitantes, testemunhou uma comunidade de portugueses na qual o bem-estar era o principal ingrediente. Para além do treinador Cláudio Braga e de Miguel Santos e Lisandro Semedo, também Mica Pinto e André Vidigal jogam no Fortuna.


Entre nós, os portugueses, dávamo-nos mais. Era uma relação boa, mais chegada e tivemos oportunidades de confraternizar e vivenciar um pouco fora dos treinos e o Cláudio sempre foi uma pessoa cinco estrelas, super calmo, sem problemas. É uma pessoa fácil de se lidar e que se dá bem com toda a gente”, confessou Miguel Santos, opinião partilhada por Lisandro Semedo. “No dia-a-dia, o mister Cláudio era um treinador super tranquilo e dávamo-nos todos muito bem, sobretudo nós entre os portugueses e também tentava sempre puxar pelos outros. Tínhamos uma relação saudável, tranquila, é um mister acessível, dá sempre para falar com ele e estava sempre com a porta aberta para nós.”


A verdade é que Cláudio Braga funcionou como o perfeito talismã do Fortuna Sittard no segundo escalão holandês. O treinador português de 43 anos não conheceu o sabor da derrota ao leme do clube e assegurou a subida de divisão. Foi à 25.ª jornada que o timoneiro chegou ao comando técnico da equipa e alguns dos jogadores portugueses refletiram sobre esse momento e salientaram que o caráter de mentalidade de Cláudio Braga foi fulcral para a mudança que se operou no seio plantel.


📷Os portugueses do Fortuna Sittard: Lisandro Semedo, André Vidigal, Mica Pinto e Miguel Santos.


“O Cláudio não mudou grande coisa, apenas mexeu com a mentalidade e a confiança dos jogadores”, apontou Miguel Santos. Nas palavras do guarda-redes, o treinador foi hábil na tarefa de subir o estado de espírito e o índice motivacional do plantel. “A equipa estava um pouco em baixo quando ele chegou e ele trabalhou muito bem essa parte, deu-nos outra vez ânimo de trabalhar, treinar, melhorar e depois notou-se que a equipa fez um final de época excelente.”


Lisandro Semedo, por seu turno, destacou a faceta de inteligência de Cláudio Ramos quando tomou conta dos destinos do Fortuna. “O plantel lidou bem, porque ele também foi inteligente na forma como integrou o plantel. Não teve logo coisas para impor, tentou ajudar a equipa, ajudando primeiramente os jogadores e tentando melhorar as qualidades que têm e também os pontos fracos, por isso foi inteligente na abordagem que teve e isso claramente também nos ajudou”, explicou. As mudanças no futebol praticado pela equipa começaram a notar-se, deu conta o avançado. “Notou-se logo uma mudança na maneira de jogar da equipa, que ficava mais na expetativa e passámos a jogar um futebol mais dominante.”


A boa disposição e as ‘partidas’ com Lisandro

O Bancada convidou os jogadores com quem falou a lembrarem-se de um episódio caricato, uma história mais engraçada que tenham vivido com Cláudio Braga, dada a natureza bem disposta e faceta tranquila do treinador. Miguel Santos recorreu ao futevólei. “O Cláudio sempre foi uma pessoa muito bem disposta, quer dentro ou fora do campo de treino. Quem se metia mais com ele até era o lisandro. Lembro-me na altura, até depois de já ter terminado o campeonato, estávamos a jogar futevólei e fizemos várias equipas, os treinadores também jogaram e o Cláudio até tinha ficado assim numa equipa mais fraquita. Ele estava completamente a dar tudo, todo transpirado, e foi engraçado porque o Lisandro começou a apertar com ele, a dizer que ele estava a dar tudo… foi engraçado.”


Lisandro Semedo, aqui o suspeito do costume, também recordou algumas das brincadeiras que costumava ter com o treinador numa fase mais descontraída. “Ele brincava muito. Depois de termos garantido a subida, estávamos num modo mais relaxante e o mister Cláudio ‘picava-nos’ e dizia-me do género ‘Lisandro, vamos assim no um para um que eu vou ganhar-te e quem perder paga o jantar’. Eram situações assim desse género, muito engraçadas, com o Cláudio”, lembrou o atacante.


A perspetiva de um futuro risonho

Agora, está pela frente uma nova etapa na carreira de Cláudio Braga, depois do sucesso em solo holandês. Miguel Santos e Lisandro Semedo não têm dúvidas de que o técnico tem tudo aquilo que é necessário para vingar no principal escalão do futebol português. Não tenho dúvidas em relação a isso. Se deixarem o mister fazer o seu trabalho de forma tranquila, de certeza que vai mostrar qualidade e a visão que tem para o futebol, e tudo lhe vai correr às mil maravilhas, não tenho dúvidas disso”, referiu o avançado.


É importante ele também se tentar rodear de gente - neste caso os adjuntos dele -, pessoas da confiança dele, para poder ter um trabalho melhor, mas acho que tem todas as condições para ter sucesso no Marítimo. É um excelente ser humano, sabe o que faz, tem a parte tática e técnica, portanto penso que as cartas estão na mesa e agora vamos também esperar para ver. Espero que corra tudo bem e desejo-lhe o melhor”, apontou o guardião.


No que diz respeito ao próprio Cláudio Braga, foi com uma promessa de um “futebol provocador, muito perto da palavra dominante”, que se deu a conhecer aos adeptos do Marítimo. “Sinto-me honrado de ter esta oportunidade e espero não desiludir. A partir de agora, vou começar a trabalhar e, dentro desse trabalho, tentar rentabilizar tudo o que é bom neste clube, com vitórias, querer ganhar, que é um compromisso bem claro. O Marítimo é um grande clube na história portuguesa e a palavra trabalho assenta-se bem aí. Penso que é muito importante quando há uma visão bem clara, o desenvolver dessa visão é ter um plano de trabalho no nosso dia-a-dia. Já percebi que o Marítimo é um todo e tem que ser assim”, foram as palavras que Cláudio Braga deixou aquando da apresentação no Marítimo. Ambição parece não faltar… agora, que venha de lá essa nova temporada!


*Texto originalmente publicado em Bancada.pt a 16 de junho de 2018.

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