top of page

União de Leiria só sabe vencer e o futuro passa pelo regresso à elite portuguesa

  • Foto do escritor: Fernando Gamito
    Fernando Gamito
  • 15 de nov. de 2018
  • 5 min de leitura


Com o estatuto de ser a única equipa dos três principais escalões do futebol português só com vitórias em todos os jogos realizados esta época, a União de Leiria está em fase de renascimento e tenta o regresso à Segunda Liga, mas sem euforias desmedidas. “As vitórias dão-nos confiança, mas não nos retiram o foco, nem os pés do chão. Não ganhámos nada, a não ser a liderança isolada e o reconhecimento do bom trabalho desenvolvido por todos.” É assim que o treinador Rui Amorim, em declarações ao Bancada, vê um começo de temporada com um registo 100 por cento vitorioso. Equipa motivada, mas com o mesmo foco de sempre.


Esta temporada, são já oito as partidas disputadas pela União de Leiria, das quais a equipa do Lis saiu com triunfos no final dos 90 minutos. Seis dessas vitórias tiveram lugar na Série C do Campeonato Portugal, liderada pela turma leiriense, que soma 18 pontos e leva três de vantagem sobre o segundo classificado, o Sertanense. Os outros dois compromissos tiveram lugar a contar para a Taça de Portugal – prova para a qual a União de Leiria joga amanhã, contra o SC Espinho. Na primeira eliminatória da competição, deu-se o triunfo diante do Sourense, por 3-0, e na segunda eliminatória foi o Benfica de Castelo Branco a cair perante a União de Leiria.


De onde surge então este começo de época que confere um estatuto único à União de Leiria entre todas as equipas dos três principais escalões do futebol português? Ora, um início de temporada em alta rotação tem por base uma boa preparação durante o verão. Embora não existam citações concretas dessa mesma frase, é certo que foram já muitos os treinadores que a disseram. De facto, Rui Amorim é um deles, tal como o salientou ao Bancada. “É um início de época muito positivo, dando seguimento a uma excelente pré-epoca.” Ainda assim, este sucesso causa alguma surpresa em Leiria. “Obviamente, não esperávamos ter oito vitórias em oito jogos, mas o mérito é totalmente dos jogadores, pela qualidade, seriedade e profissionalismo”, atestou.


2017/18, vista como uma temporada preponderante para o regresso à Segunda Liga (já referido pelo presidente da SAD do clube, Alexander Tolstikov, que não falou ao Bancada pela proximidade do jogo para a Taça de Portugal), foi uma época prepara desde cedo, com “muita ponderação” entre treinador e presidente. “Caráter, compromisso e seriedade foram fatores preponderantes nas escolhas para a época. Depois, também é de salientar o conhecimento que eu tinha dos jogadores – 90% dos reforços que vieram já tinham trabalhado comigo anteriormente”, deu conta Rui Amorim. O técnico da União de Leiria está no comando do clube desde a época passada e apresenta o registo de 21 triunfos em 24 encontros realizados.


📷Crédito: União Desportiva de Leiria Facebook

Vêm aí a festa da Taça e Leiria vai responder como tem vindo a fazer

Enquanto é escrito este artigo, o Estádio Dr. Magalhães Pessoa prepara-se para ser palco da festa que é a Taça de Portugal. A União de Leiria recebe o SC Espinho no domingo, a partir das 15h, jogo a contar para a terceira eliminatória da prova rainha do futebol português. Será amanhã que termina a senda invencível da turma leiriense? Rui Amorim só pensa na vitória.


“Neste jogo da Taça de Portugal, obviamente que queremos manter esta caminhada de vitória, pois só o triunfo neste jogo nos permitirá passar mais uma eliminatória da Taça de Portugal”, referiu o timoneiro da União. Ainda assim, Rui Amorim reconhece que não equipas totalmente vitoriosas e que todos acabam por perder um dia. “Sabemos que não somos invencíveis, mas trabalhamos diariamente para vencer.”


Já foi várias vezes apontado pela imprensa desportiva e até local o alegado “divórcio” registado entre os adeptos e o clube, quando iniciou esta “travessia pelo deserto” afastado da elite nacional. Contrariamente, o treinador destacou o “ambiente de entusiasmo e satisfação” vivido em torno da União de Leiria nos dias que correm. Rui Amorim deu conta de que todos os elementos do clube pretendem que “os adeptos e leirienses voltem a sentir orgulho no clube e na equipa que os representa. A grandeza do clube é feita pela paixão dos seus adeptos e vitórias. Caminhamos juntos e assim continuaremos nos bons momentos e também nos mais difíceis, que com certeza virão.”


Plantel é autêntica “sociedade das nações”

A União de Leiria destaca-se também nesta época por ter um plantel composto por dez nacionalidades distintas. Os jogadores portugueses estão em maioria, mas existe também espaço para atletas do Brasil, Cabo Verde, Rússia, Gana, Costa do Marfim, Gabão, Moçambique, Camarões e Moldávia. Uma autêntica “sociedade das nações” que tem surtido efeito neste início de temporada. Basta olhar para os resultados para o perceber…


📷O treinador Rui Amorim. Crédito: União Desportiva de Leiria Facebook

De facto, já em 2016/17 esta mesma situação se verifica na equipa leiriense, pelo que não é novidade, nem tem qualquer caráter especial para a equipa técnica. “O facto de haver dez nacionalidades diferentes no plantel não me perturba. São jogadores identificados com o campeonato e isso é fundamental para este projeto. O grupo de trabalho está altamente motivado por representar um clube histórico e poder também fazer a sua história na União de Leiria”, vincou Rui Amorim ao Bancada.


A queda ao “abismo” e a estagnação

Não obstante este início de época bastante proveitoso, nem tudo tem sido um mar de rosas para o clube e a história é bem conhecida. A temporada de 2011/12 foi a “machadada” final num percurso entre a elite do futebol português (teve como melhores classificações na Liga dois quintos lugares, em 2000/01 e 2002/03; conseguiu também duas presenças na Taça UEFA, em 2003/04 e 2007/08), com a descida à Segunda Liga. Porém, a turma de Leiria não se ficou apenas por aqui e viu rejeitada a inscrição no campeonato, devido ao incumprimento dos requisitos financeiros da competição. Impossível a presença no segundo escalão, seria de esperar que o clube fosse parar à Segunda Divisão (agora correspondente ao Campeonato de Portugal), mas não foi isso que aconteceu.


A União de Leiria também não conseguiu os recursos monetários para a inscrição da equipa na Segunda Divisão pelo que caiu até à Divisão Distrital de Leiria. Um clube que tinha sido presença constante entre a elite do desporto rei nacional neste século entrava assim num “abismo” que levou até aos campeonatos totalmente amadores, uma viragem completa de aspirações. Ainda assim, a equipa tentou reerguer-se e subiu de escalão logo nessa mesma época de 2012/13, mas desde então estagnou no agora denominado Campeonato de Portugal e não mais daí saiu.


📷Equipas sénior e junior da União de Leiria reunidas. Crédito: União Desportiva de Leiria Facebook

A problemática do Estádio Dr. Magalhães Pessoa

Mais uma das obras com vista à realização do Euro 2004, o Estádio Dr. Magalhães Pessoa conheceu o destino de outros tantos recintos após a prova de seleções. Assim como o de Aveiro e o do Algarve, o estádio situado na cidade de Leiria conta com uma capacidade para mais de 23 mil pessoas, mas não mais encheu desde então, pelo menos no que diz respeito a compromissos da União de Leiria.


A equipa do Lis chegou, inclusive, a prescindir de jogar no Dr. Magalhães Pessoa, primordialmente aquando da estadia nos escalões distritais. A manutenção de um terreno daquelas dimensões para um clube que não disputa os principais escalões do futebol português torna-se uma tarefa complicada de suportar, principalmente no que diz respeito a termos financeiros. Atualmente, é no principal estádio de Leiria que a União joga, sendo que no encontro de apresentação da equipa esta época estiveram presentes duas mil pessoas nas bancadas, revelou recentemente o treinador Rui Amorim, em declarações ao “Diário de Notícias”.


*Texto originalmente publicado em Bancada.pt a 14 de outubro de 2017.

Comments


bottom of page