top of page

Equipas da Liga têm alternado aposta entre a experiência e a juventude na baliza

  • Foto do escritor: Fernando Gamito
    Fernando Gamito
  • 15 de nov. de 2018
  • 4 min de leitura


Nas últimas épocas, a média de idades dos guarda-redes titulares das equipas da Liga não tem tido um trajeto regular.


Experiência ou juventude? Uma questão muitas vezes colocada no futebol, principalmente quando se trata de uma posição fulcral no relvado, a de guarda-redes. A Liga portuguesa tem sido recentemente pautada por uma aposta balanceada das equipas entre a experiência e a juventude para os titulares das balizas. Desde 2013/14, é notório que não tem existido uma tendência regular com o passar dos anos nesta posição, sendo que as médias de idades dos guarda-redes têm vindo a subir e descer sem um trajeto regular.


A recente aposta de Rui Vitória em Bruno Varela, fruto da lesão de Júlio César, assim como o tinha feito com Ederson há um par de épocas tem sido tema destaque no futebol português e, de facto, não se verifica no início deste campeonato uma tendência para a escolha dos treinadores recair sobre jovens guarda-redes.


Nas 18 equipas presentes na Liga esta temporada, é de notar que oito (FC Porto, Rio Ave, Boavista, Estoril-Praia, FC Paços de Ferreira, Belenenses, Aves e GD Chaves) têm guarda-redes titular com 30 ou mais anos e somente três (Benfica, Marítimo e Vitória de Guimarães) começaram o campeonato com guardiões abaixo dos 25 anos (ver tabela abaixo), fator que comprova a aposta na experiência para um setor em que essa mesma característica é fundamental.


📷*Vitória de Guimarães e GD Chaves defrontam-se esta quinta-feira na primeira jornada, sendo que Miguel Silva e Ricardo Nunes encontram-se nesta lista por terem sido primeira aposta dos respetivos treinadores no início de época.

De facto, quando comparado com as temporadas anteriores, é percetível que, nesta primeira ronda da edição 2017/18 da Liga a média de idades no setor baixou, tal como é visível no gráfico abaixo. Para esse fator contribui a aposta em guardiões mais jovens, em relação a alguns trintões na época passada (Rafael Defendi, Marafona, Douglas e Bracali), seja por lesão, por já não fazerem parte do plantel, pela equipa já não estar no principal escalão ou simplesmente por já não serem primeira opção.


📷


Portugal na senda de Espanha, bem acima de França e abaixo de Inglaterra

As equipas da Liga portuguesa encontram-se numa posição central no que diz respeito aos critérios de escolha do guarda-redes titular para a baliza, quando comparadas com os principais campeonatos europeus. O principal escalão do futebol português começou a época 2017/18 com uma média de idades de 28,9 nos guarda-redes utilizados, números que vão ao encontro da estratégia aplicada pelos clubes em Espanha, principalmente (comparação relativa à época passada, visto estes campeonatos ainda não terem começado).


Em contraste, o campeonato francês de 2017/18 iniciou com uma média de 26,3 anos na posição mais recuada do terreno, com apenas três guarda-redes acima das três décadas de idade. Situação bem diferente ocorre em Inglaterra e Itália. Sem terem ainda iniciado a Liga da presente temporada, ambos os países tiveram no ano passado uma média de idades superior aos 30 anos nos guardiões.


📷


As apostas nos jovens Patrício, Oblak e Ederson

Ora, será mesmo a vasta experiência um fator de peso para o sucesso de um guarda-redes no futebol português? Nem sempre. Os casos de Ederson, Rui Patrício ou Oblak, a título de exemplo, são situação que contrastam com essa ideia.  


O guarda-redes do Sporting é um dos principais casos no futebol português de jovens a agarrarem a oportunidade quando lançados numa equipa principal. Em novembro de 2006, as lesões de Ricardo e de Tiago atiraram Rui Patrício para a titularidade no Estádio dos Barreiros, perante o Marítimo. Uma grande penalidade defendida nesse encontro levou o guardião para a ribalta do futebol português, mas não surgiu logo a titularidade indiscutível: esse momento chegou em 2007 e desde aí é bem conhecida a história do campeão europeu pela Seleção Nacional em 2016.


Jan Oblak foi outros dos jogadores que não rogou a oportunidade concedida pela lesão de um concorrente direto ao lugar na baliza. Na temporada 2013/14, então no Benfica, um infortúnio de Artur Moraes no decorrer de um encontro com o Olhanense levou o guardião esloveno a jogo e não mais deixou de defender as redes dos encarnados até ao final da temporada, quando rumou ao Atlético Madrid.


Ederson Moraes é o caso mais recente de que a experiência não é, em todos os casos, primazia na escolha dos técnicos, mas o talento fala mais alto. O brasileiro teve uma estreia como poucos no futebol ao mais alto nível. O primeiro jogo que realizou pela equipa principal do Benfica na Liga portuguesa ocorreu em pleno Estádio de Alvalade, em março de 2016, diante do Sporting, fruto de uma lesão de Júlio César no aquecimento. Desde que chegou à baliza das ‘águias’ não mais saiu do lugar de titular, até à saída nesta janela de transferências. 40 milhões de euros (oferecidos pelo Manchester City) mais tarde, está comprovada a aposta feita por Rui Vitória, que poderá agora conhecer novo protagonista, com Bruno Varela a aparecer no onze do Benfica.


*Texto originalmente publicado em Bancada.pt a 10 de agosto de 2017.

Comments


bottom of page